CNTM e Federação dos Metalúrgicos RJ, juntas na luta pelo fortalecimento da indústria naval

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A Federação dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro pediu apoio à Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) na luta para preservar 550 mil empregos no país. Segundo a Federação, a ameaça vem da aposta da Petrobras em mandar construir 100% das plataformas do Campo de Libra no exterior, um dos principais campos do pré-sal, localizado na Bacia de Santos.

“Não podemos deixar que as coisas aconteçam dessa forma. Não adianta permitir que as licitações sejam feitas, para depois reclamar. Temos que nos mobilizar, independentemente da cor partidária ou de central sindical”, destaca o documento enviado à CNTM.

Segundo o diretor Jorge de Faria, a alegação de que fica mais barato fazer as sondas de perfuração de petróleo no exterior é fraca, se levarmos em conta a geração de emprego em nosso país. “O governo tem que se reunir com os construtores brasileiros e exigir que façam adequações em seus preços e não alijá-los do processo, mandando construir as plataformas fora”, completou o presidente Sérgio Claudino.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, em contrapartida, afirmou que apoia a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Rio de Janeiro na luta conjunta pelo conteúdo local para o setor de petróleo e gás no Brasil. “A CNTM apoia a Federação e reivindica o respeito à política de Conteúdo Local, o fortalecimento da engenharia nacional e a adoção de medidas que garantam a curva ascendente do crescimento da indústria naval brasileira e do restante da cadeia e, por consequência, dos empregos diretos e indiretos e do desenvolvimento social de todo o território nacional e, principalmente, a garantia dos direitos dos trabalhadores envolvidos nestes contratos”, diz a nota, enviada em resposta pela Confederação à Federação do RJ.

Para a CNTM, a divulgação pela Petrobras do procedimento licitatório no qual foram convidadas a participar apenas empresas estrangeiras, excluindo empresas nacionais, fere a política de Conteúdo Local instituída em 2003 pelo governo federal, através do Promef, Prominp e outros programas que visam fomentar a Indústria Naval Brasileira e toda sua cadeia de produção, com a geração de emprego, renda e riquezas para o país.

“O Conteúdo Local foi uma conquista dos trabalhadores e possibilitou o resgate do setor. Portanto, é inadmissível qualquer tentativa de inviabilizar investimentos e transferi-los para outros países”, afirmou o presidente da CNTM, Miguel Torres.

A CNTM acredita que a decisão de excluir as empresas nacionais corresponde a um desvirtuamento da política industrial adotada pelo governo federal nos últimos anos, que é investir em geração de emprego, renda e capacitação para os brasileiros, permitindo, assim, o fortalecimento da indústria nacional, transformando-a em um setor promissor e moderno, com mão de obra cada vez mais qualificada.

“A contratação de empresas estrangeiras provoca insegurança para investidores nacionais e, consequentemente, um processo desenfreado de demissões, prejudicando milhares de famílias brasileiras. Hoje, o setor naval emprega mais de 82 mil trabalhadores, muito diferente da década de 1990, quando empregava 2 mil funcionários. Naquela época, as contratações de serviços eram todas designadas para outros países”, lembrou Miguel Torres.

A política de geração de empregos no exterior afeta diretamente a economia nacional, provocando modificações na arrecadação governamental, circulação de capital, queda de renda da população, uma vez que empresas não investirão em mão de obra, contratação de insumos e geração de riquezas no Brasil. Tal atitude da Petrobras poderá provocar a quebradeira de várias empresas, lesando, mais uma vez, a classe trabalhadora de norte a sul deste país. No Rio de Janeiro, as regiões Norte e Noroeste sofrem as consequências de ações como essa, com a paralisação de suas economias e fechamento de várias empresas, com demissões em massa a cada dia.

A CNTM acredita, ainda, que a indústria do petróleo nacional precisa rever a sua política de contratação, privilegiando a indústria nacional em contratos de EPC (Engineering, Procurement and Construction Contract). “Se faz necessária uma imediata revisão nos aditivos de contrato que geram inadimplência junto aos contratados e, consequentemente, dificuldades para os trabalhadores”, completou Miguel Torres.

 

 

Por Rose Maria, Assessoria de Imprensa

Foto: Divulgação